Como sair do instinto de sobrevivência e ir para a força da colaboração.
Durante conflitos, situações de estresse e de ameaças à nossa sobrevivência, sejam elas reais ou existentes somente na mente humana, o lado mais evoluído do nosso cérebro (córtex pré-frontal), responsável pelo pensamento inteligente é desligado.
Ao tornar essa parte racional do cérebro inoperante, as partes mais primitivas (o sistema límbico, em especial as amígdalas cerebrais) assumem o total controle sobre nós.
As amigdalas dominam nossas emoções fazendo-nos agir com impulsividade, sob domínio da raiva ou do medo, nossos comportamentos e ações são impensados e desregulados. Agimos sem inteligência emocional.
E o que isso tem a ver com a colaboração entre as pessoas?
Colaboração ameaçada
Essas partes mais primitivas do nosso cérebro preocupam-se com a própria sobrevivência seja física, psicológica, do ego ou de opinião. Lembrando que sobrevivência, é oposto de prosperidade.
Assim, em modo de sobrevivência, o lado do cérebro instintivo e antigo não se interessa em manter os relacionamentos saudáveis, não se preocupa com os outros e sim somente com o próprio o “EU”.
Segundo Terrence Real, especialista em relacionamentos, o “NÓS” desaparece e dá lugar ao “EU”. E pior, o “EU” versus “VOCÊ”, tornando-os adversários em um mundo frio do eu ganho, você perde e vice-versa.
No entanto, somente o “NÓS” é a base da proximidade e da colaboração – que vai de uma amizade, de um relacionamento romântico, até os negócios.
EU ou VOCÊ é disputa e rivalidade, com a certeza de que somente um de nós está com a razão. E claro, essa pessoa, sou EU.
Mas pense bem: entrar em modo de sobrevivência é bom quando estiver confrontando um animal feroz, uma briga muito feia, mas não quando estiver debatendo com seu filho, seu colaborador, seu colega de trabalho, seu amigo, seu sócio, seu irmão.
Nesses casos, reflita: perder a calma, cerrar os punhos para lutar e travar os maxilares como um guerreiro na defensiva ou pronto para o ataque é uma escolha inteligente?
Certamente não. E para piorar a situação, existe algo que aumenta nosso estado de alerta e sobrevivência, eliminando de vez a colaboração.
Maior sobrevivência, mais emoção negativa, menos colaboração
Nesses momentos tensos, além de descermos na nossa escala evolucionária, uma força igualmente poderosa que dificulta a autorregulação emocional é: a memória emocional negativa.
Trata-se de uma lembrança ruim do passado, consciente ou inconsciente, que nos deixam transtornados devido à alta carga emocional que ela contém. Essa carga transporta-se para a situação presente que se assemelha a algo que passamos, ainda que as condições, pessoas e momentos sejam outros.
Ela aciona o modo de sobrevivência com a velocidade da luz. Quanto mais memórias emocionais negativas você tiver, mais convincente se torna do “EU” ou VOCÊ, o que prejudica ainda mais os relacionamentos.
Prejuízo aos Relacionamentos
Essa reação negativa nos relacionamentos é sobretudo individualista e egocêntrica. Perdemos a consciência do “NÓS”, a visão do todo, fixamos em detalhes, em uma palavra dita pelo outro ou um único aspecto da situação.
Esse individualismo nos torna separados e dominantes, defendendo ferozmente nossas opiniões, nossas posições e nas empresas, nossos cargos, departamentos e silos.
E nesses casos, ninguém ganha, todo mundo perde, pouco ou muito. Precisamos um dos outros para sobrevivermos e principalmente, prosperarmos. Ninguém vence sozinho.
Além disso, somos seres relacionais. A Psicologia Positiva já comprovou que os relacionamentos positivos são nossa maior rede de proteção em momentos difíceis.
Não há dominantes ou dominados e sim seres humanos que se tornam fortes juntos e não separados.
Quanto mais rapidamente você perceber que a maioria das situações não exige uma postura de sobrevivência, mas sim de colaboração, mais rapidamente será possível transformar o “EU” em “NÓS”, prosperando na mesma velocidade.