O gosto amargo da injustiça…
Quando éramos crianças nossos pais nos disseram que a vida não era justa, nós crescemos e descobrimos que isso era verdade.
Infelizmente, quase todos nós, em algum momento, sentimos este gosto amargo que é ser injustiçado por alguém ou em alguma situação. Se isso faz sentido para você, certamente a virtude da justiça é relevante em sua vida.
Mas antes da (in)justiça, vem o julgamento.
O Julgamento Precede a Injustiça
Antes de serem justas ou injustas, as pessoas julgam as outras, ainda que de forma inconsciente.
Por isso é importante observar fatos e situações de forma imparcial, sem julgar a pessoa. Analisar o fato em si:
– O que realmente aconteceu?
– Qual foi o fato?
Infelizmente o ser humano tende a emitir sua opinião baseado em suas próprias percepções, em sua visão de mundo e na interpretação que tem dele. E não dos fatos como eles realmente são.
Portanto, julgamentos equivocados geram injustiças que impactam nos relacionamentos interpessoais, gerando inimizades e ressentimentos profundos. Então, antes de rotularmos os outros como injustos é importante avaliarmos se praticamos a parcialidade e a justiça em nossa vida.
Segundo a Psicologia Positiva, a justiça é uma virtude. Ela engloba forças ou virtudes cívicas que garantem uma vida saudável em comunidade tais como a cidadania, a imparcialidade e a liderança. Se uma dessas nos faltam, a justiça não é totalmente presente em nossas vidas.
O que se Pode Fazer em Relação à Injustiça
O sentimento de injustiça ocorre por várias razões, pode ser por traição ou ingratidão.
Seja também porque o chefe não reconhece o seu trabalho, em decorrência daquela demissão sumária, por alguém não lhe dar o merecido valor ou quando foi apanhado por uma daquelas surpresas desagradáveis da vida. Isso só para citar alguns exemplos.
Certamente é necessário tomar medidas antes que o seu cérebro se fixe nesse episódio.
É o que nos ensina Daniel Goleman, um dos maiores pesquisadores da Inteligência Emocional que intitula essa condição como “Sequestro Emocional” . É quando não conseguimos pensar em outra coisa a não ser naquilo que está nos perturbando.
Quando você se sente injustiçado pode pensar: “isso só acontece comigo“ ou “não nasci para ser feliz“.
Esse sentimento de autocomiseração pode abalar sua autoestima, gerar um comportamento defensivo, queixoso e/ou desconfiado e muitas vezes, gerar um quadro depressivo.
Primeiramente, é importante avaliar se essa situação está fora do seu controle ou se há algo que você possa fazer sobre isso. Mesmo que seja mudar a forma como se sente com relação a isso. Se puder fazer algo sobre a situação, faça.
Você pode adotar algumas estratégias para lidar com essa situação. É possível mudar o pensamento com foco nos sentimentos positivos e realistas. Aprenda a interromper esses pensamentos e a trabalhar com os sequestros emocionais.
Depois, busque ressignificar a situação triste ou constrangedora transformado-a em aprendizado e mudanças para melhorar no presente e ter esperança no futuro. Sei que não é fácil, mas é um grande treino para a vida.
Finalmente, reoriente o foco, opte por focar naquilo que é verdadeiramente importante e construtivo. Faça isso de forma adulta, sem vitimização.
Não Somos mais Crianças
Nossos pais por nos amarmos e para nos protegermos nos alertaram contra as injustiças da vida. Mas crescemos e amadurecemos e hoje somos adultos e não mais aquelas crianças indefesas que precisam de proteção.
Não reforce essa crença limitante de ver o mundo como mal ou injusto. Caso, contrário, a tristeza e a amargura tomará conta da sua vida.
Não precisamos enxergar os outros como malvados e a nós mesmos como vítimas inocentes.
Injustiça no Trabalho
O trabalho é o ambiente onde acontecem injustiças.
Procure compreender os motivos da situação constrangedora que gerou as injustiças. Não seja precipitado ou perca o autocontrole. Dê um passo atrás, enxergue e analise a situação de outra perspectiva.
Em seguida, utilize sua voz acalentadora interna e não a voz crítica. Diga a si mesmo: “Isso vai passar.” ou “Eu vou ficar bem.”
Aborde a situação pacificamente, o que não significa passividade. Fale diretamente com pessoa que o julgou de forma errada, com transparência e assertividade, sempre mostrando os fatos, com o intuito de amenizar o sofrimento vivenciado e restaurar a justiça. Mas não seja inquisidor. Evite usar o Por quê, do tipo: Por quê você fez isso?” Utilize “Qual o sentido de você ter feito… (fale do fato, sem julgar a pessoa)”.
Enfim, faça o que estiver ao seu alcance, sem ressentimentos e sem desejo de vingança, sem tornar-se uma pessoa amarga.
Uma Prática Fundamental para Lidar com a Injustiça
Primeiramente, nosso sentimento de injustiça esmaece quando sentimos o perdão em seu nível mais profundo.
A Psicologia Positiva nos ensina a praticar o perdão que significa a libertação de um vínculo negativo com a fonte que nos transgrediu. Essa fonte pode ser nós mesmos, outras pessoas ou uma situação fora de controle.
Portanto, reflita sobre as razões pelas é importante pedir perdão, e lembre-se:
Um coração ferido precisa ser tratado. O perdão é o melhor remédio nesses casos.
Assim, perdoe-se pelos erros, decisões, escolhas, atitudes cometidas. Perdoe outra pessoa por nos ter lhe transgredido de alguma forma. Perdoe as circunstâncias por algo que lhe aconteceu (infortúnio, morte na família, etc).
Definitivamente, tenha a disposição de abandonar o ressentimento em relação àquilo que o prejudicou e siga em frente com a sua vida! Isso não significa esquecer, e sim, neutralizar aquilo que lhe fez mal de forma que não cause mais nenhum tipo de dor emocional.
Lembre-se do que Platão já dizia:
Quem comete uma injustiça é mais infeliz que o injustiçado.
Em suma, pense que temos uma enorme vantagem sobre as pessoas que nos caluniam ou que nos fazem uma injustiça propositada: o poder de perdoá-las!
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