A TERRA PROMETIDA DO LUCRO IMEDIATO

O lucro imediato: uma grande falácia.

Infelizmente a busca desenfreada pelo lucro e do consumo invadiu nosso mundo. Assim, o que não traz ganhos imediatos ou benefícios comerciais a curto prazo é geralmente desprezado em nossa sociedade.

Dessa forma, o negócio que mais cresce é o da autoajuda para ficar rico, as pirâmides financeiras e outros similares…

De fato, os livros mais vendidos são: “Dez passos para ficar rico“,  “A Receita do Sucesso“, “Como ganhar seu primeiro milhão aos 20 anos“…

Inegavelmente seus idealizadores não estão nem um pouco preocupados com o fato de quem paga a conta, são especialmente aqueles que mais precisam de ajuda. Ou seja, os mais fracos e desesperados.

Lucro Imediato: O Preço da Dívida

Certamente os inventores do ganho fácil são destituídos de humanidade e solidariedade. Exemplo disso foi descrito na obra “O Mercador de Veneza” em que os bancos e credores cobram a libra de carne viva de quem não pode pagar a dívida.

Dada a carência humana e a necessidade de voltar-se para aspectos externos como riqueza, beleza ou poder esses negócios possuem muitos seguidores… Mas qual o preço que eles pagam?

Na sábia mitologia grega, Pirro, um líder incansável, mas não propriamente sábio, venceu a batalha contra seu oponente, é verdade, mas o preço da vitória foi alto demais, seu exército sofreu danos irreparáveis.

Assim, buscar o lucro imediato pode ser comparado a uma vitória pírrica, onde o vencedor é também o derrotado. Dedicar-se grande parte da vida a ficar rico e famoso pode trazer muitos prejuízos, de ordem moral, psicológica e/ou financeira. 

Mas ainda assim não é fácil para o empreendedor que luta sua batalha diária assistir seus concorrentes que vendem ganhos imediatos prosperarem no curto prazo.

Da mesma forma, é difícil para o político honesto, o juíz virtuoso e o missionário humilde verem seus colegas desonestos, viciados e arrogantes se sobressaírem na terra prometida da fama e ganho imediatos.

Para o filósofo italiano Núccio Ordine*,

Dói ver os seres humanos […] consagrarem-se exclusivamente a acumular dinheiro e poder. Dói ver triunfarem, nas redes de televisão e na mídia, as novas representações de sucesso, encarnadas no empresário que consegue criar um império blefando ou  político impune que humilha um parlamento fazendo votar leis de interesse pessoal. Dói ver homens e mulheres ocupados numa corrida louca em direção à terra prometida do lucro fácil.

O que podemos fazer, então?

Recorremos novamente à história de Pirro, que mostra que nem sempre a vitória pertence ao vencedor.

Essas pessoas que vendem lucros imediatos e hoje dão aos desesperados, pão e circo, mais cedo ou mais tarde, chegarão em um momento de suas vidas que perguntarão:  Valeu a pena? É esse mesmo o sentido da vida? É para isso que vivi? Quem, de fato, ajudei, além de mim mesmo?

Sobretudo, vivemos novos tempos, em que os novos jovens estão mais preocupados com a qualidade de vida, o meio ambiente e o mundo, e menos dispostos a aceitar injustiças e desigualdades. O crescimento das empresas humanizadas também vêm contribuir para desmistificar que a prosperidade é somente lucro material.

É assim, a esperança desse novo espírito empreendedor que a vida pode ser menos líquida, superficial e mais fluida, menos centrada no dinheiro e mais orientada para a prosperidade coletiva.

Por fim lembramos que, em momentos difíceis, quando nos sentimos tentados a sucumbir ao que nos leva ao ganho imediato, resistir às facilidades é um ato heroico.

*Artigo inspirado em textos do autor*

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *